Beijo XIV


Porque me ofertas esse teu labiozinho em fogo?
Não quero, não quero agora beijar-te, dura Neera,
mais dura do que a dureza do mármore.
Tanto caso farei eu desses teus beijos inofensivos,
ó minha mulher vaidosa,
que com a verga enrijecida, em riste,
acabe por perfurar as minhas vestes e as tuas
e, furioso de desejo vão,
me consuma, infeliz, com o meu pau em fogo?
Para onde foges? Espera, e não me negues
Esses olhos, nem esses lábios em fogo!
Agora sim, quero beijar-te, minha ternura,
mais terna que a penugem de um ganso.



(Janu Segundo, poeta novilatino: início do séc. XVI)

2 Comments:

  1. Anonymous said...
    Eh lá.... o jovel dá-lhe bem na poesia erótica!(a expressão vem a mesmo a calhar).Que mente tão perturbada...a do autor, claro está!
    Só me resta acrescentar: somos badalhocos desde...SEMPRE!:)
    Andie said...
    Mas...mas... mas... o que é isto?

Post a Comment



Newer Post Older Post Home